Ser número é ser infeliz

IV

(...)

Se lhes dou esses detalhes sobre o asteróide B612 e lhes confio o seu número, é por causa das pessoas grandes. As pessoas grandes adoram os números.

Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: "Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele coleciona borboletas? "Mas perguntam: "Qual é sua idade? Quantos irmãos tem ele? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?" Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas grandes: "Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado. . . " elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma ideia da casa. É preciso dizer-lhes: "Vi uma casa de seiscentos contos". Então elas exclamam: "Que beleza!"

Assim, se a gente lhes disser: "A prova de que o principezinho existia é que ele era encantador, que ele ria, e que ele queria um carneiro. Quando alguém quer um carneiro, é porque existe" elas darão de ombros e nos chamarão de criança! Mas se dissermos: "O planeta de onde ele vinha é o asteróide B 612" ficarão inteiramente convencidas, e não amolarão com perguntas. Elas são assim mesmo.

É preciso não lhes querer mal por isso. As crianças devem ser muito indulgentes com as pessoas grandes. Mas nós, nós que compreendemos a vida, nós não ligamos aos números ! Gostaria de ter começado esta história à moda dos contos de fada. Teria gostado de dizer: "Era uma vez um pequeno príncipe que habitava um planeta pouco maior que ele, e que tinha necessidade de um amigo..." Para aqueles que compreendem a vida, isto pareceria sem dúvida muito mais verdadeiro.

(...)

(O pequeno príncipe - Antòine de Saint-Exupéry)
 





E a gente vai crescendo e começa a aprender a contabilizar perdas e ganhos, como se o amor fosse matemática."

(Solange Maia - Blog Eucaliptos na Janela)








# Larissa Iwantschuk,
   obrigado por se ceder à Oficina.              

4 comentários:

Nini C . disse...

Adoro o pequeno príncipe :)

Brunno Lopez disse...

É um fato que o principezinho tinhas as interrogações mais bonitas do mundo.

Não há quem não se identifique com os as suas viagens pelo universo.

Eu quase sempre me repito com esse simplicidade...

Bia disse...

Querido Cristiano,

posso até estar sendo repetitiva, mas cada vez que te leio, mais lhe admiro...Você escreve coisas fantásticas, de uma sensibilidade ímpar,....e se quer saber, muito de como pensa, vem de encontro ao meu estilo de vida, que depois de rodados 41 anos, hoje me dou ao prazer de fazer algumas escolhas....como por exemplo, as de com quais pessoas quero estar perto,...e, um dos pré-requisitos, é que eu saiba delas o som de sua voz, se colecionam borboletas,e quais seus brinquedos preferidos...pois desta vida, o que realmente levamos, são estes deliciosos detalhes, que fazem TODA a diferença!

Parabéns por mais um magnífico texto e fico muito orgulhosa de ter citado uma frase de minha irmã, Solange Maia, do blog Eucaliptos na Janela!!

Gosto muito de você, menino sensível, desta Oficina Terrosa!!!


beijos no seu coração quentinho!

Bia Maia...semptre OLHANDO DENTRO DOS OLHOS...

Solange Maia disse...

Cristiano,

e o mais bonito é saber que tem gente que também não quer ser só um número, que quer desaprender essa matemática que só faz mesmo é subtrair...

moro num desses planetinhas.... e o meu nem número tem... risos... mas daqui, em noites estreladas, vejo outros tantos planetinhas habitados de gente incrível como você !!!!


beijo carinhoso