Desmancho e possibilidades















 Foto: © Cesarr Terrio


A gente não percebe, mas o tempo passa. Passos frios vão trilhando o caminho contínuo das horas que não sentimos sob nossos pés e nem o esforço que desprendemos no caminho. Enquanto isso envelhecemos; deixando sonhos escorrerem no chão feito areia e pendurando alguns poucos no pescoço como prêmios. Caminhamos, e alguém dividiu as etapas em anos, com muita propriedade: anos não são degraus, são rodadas; se escolhermos pelo sim, podemos zerar tudo no começo. Ainda assim, não é um recomeço. A gente segue, só segue. Mamãe disse para ter paciência com a vida. Enquanto não entendi isso fazia raios e trevas pra adiantar tudo a meu favor. Um fracasso. Não que eu creia naquela estúpida máxima de que as coisas só acontecem no seu devido tempo. Por favor! A interpretação está errada: não são as coisas que acontecem, nós é que acontecemos no nosso próprio tempo. Nem para antes, nem para depois, a cada grau de compreensão de nós mesmos a vida se renova para comportar-nos. É dialética: somos cabíveis somente naquilo que faz sentido estarmos, caso contrário o encaixe e impossível. Compreendido isso, nada fica mais fácil. Não podemos dar a desculpa de nossas derrotas ao acaso, sejamos cientes de que a falibilidade está em nós. E passamos a compreender que todo desafio é digno. Fracassaremos vária vezes. Tomaremos muito na cara e choraremos por dentro todas as vezes que isso acontecer. Afinal, só nós sabemos o que perdemos. É a condição humana, estaremos na glória ou na ruína muitas vezes durante a vida.

Saibamos aprender com a ruína: beleza está no que sobrevive. O que fica é muito mais forte do que o que antes revestia. Saibamos aprender com a glória: é um período, de começo, meio e fim. Quanto antes entendermos as vitórias como um prazo de encontrar o próximo motivo, menos ilusão e egoísmo. Lembremos de um detalhe muito específico: a vaidade aniquila qualquer expectativa de ser grande e mesmo de ser pequeno. O vaidoso estagna em si mesmo, e se afoga.

Que venha 2012, e que escolhamos ser um ano de possibilidade. É sempre tempo de fazer reformas. De trocar o piso, acender uma lâmpada aqui e ali, jogar fora o que não mais presta, trazer coisas novas, derrubar paredes, abrir portas, reestruturar nossos pilares, escancarar as janelas, trocar cortinas e quem sabe, plantar bondade em alguns cantos. É preciso coragem, desejo a todos coragem, é muito difícil essa coisa de sermos melhores. Então sejamos melhores! Que os que se sentem capacitados encarem isso como um desafio, os que se subestimam, entendam como um ideal. Tenhamos fé em 2012, tenhamos fé nas possibilidades.

Saibamos ser gentis com as circunstâncias. Resilientes, resistentes, impávidos. Que venham bons momentos, bons adventos, boas coisas. Dolce far niente, carpe diem, e muita paz. Desapeguemos, apeguemo-nos, amemos mais, amemos menos; que a gente sorria mais, se divirta mais, e mais abraços, e mais encontros, menos desencontros; que acreditemos mais, que os sonhos sejam mais claros e que enfim, nunca, nunca nos falte a boa vontade de viver.


Ruína e glória a todos.
E toda sorte de possibilidades.
Que em 2012, seja possível!

Feliz Ano Novo.


4 comentários:

Lucid Nightmare disse...

Eu realmente espero que seja um ano Feliz.

Unknown disse...

Cris, meu bem, voltei com o meu blog e, claro, você foi o primeiro a quem segui.

É tão bom voltar aqui e ver que o seu encanto não se perdeu, e que suas palavras ainda têm o mesmo brilho e o gosto bom. É sempre um prazer poder te ler, menino.

Um grande beijo, e que 2012 seja um ano de fé possibilidades para todos nós!

Fernanda Fraga disse...

Que texto bom de se ler...
Lendo com calma o blog, bom gosto.
Abraço

lídia martins disse...

Havia um ponto de luz brilhando em meio à paisagem preto e branco.

Cristiano?!