Há de descansar em paz, amigos?















Foto: © Cesarr Terrio


Sinto falta dos meu amigos, mais e mais. Andávamos todos juntos, pensávamos todos juntos, sorríamos todos juntos; desaprendi a sorrir só. A vida foi se acelerando, foi nos testando, até chegarmos no auge da resistência. Vencemos, mas a partir daí, tudo começou a desmanchar. As ligações, os apelidos, os horários, os costumes, os abraços. Fomos nos afastando, nos desconhecendo, nos desinteressando. Já não lembro o nome dos mais distantes, e de alguns próximos já não lembro a risada e confundo a cor dos olhos. Estamos nos perdendo, como se pelas escolhas que fazemos, arrancassem nossos amigos das nossas mãos, do nosso lado, do coração. Então a gente começa a ficar oco, se preenchendo de egoísmo e lembranças cada vez mais desbotadas. Foi real? Jogávamos 'uno' todos os intervalos? Cantávamos no canto da sala? Chorávamos de rir dos professores de química e tremíamos com o de matemática? A vida não é uma reta, até foi, mas agora abriu-se em milhares de caminhos e cada um rumou para um lado. E a gente se perde muito fácil nessa droga desse caminho. E sempre há outro, há outro e outro para seguir. E sentei um pouco, e gritei cada um dos seus nomes. Menos da metade respondeu, alguns escutaram e me deixaram de lado, outros não escutaram. Então tudo vai sumindo, ficando branco, ficando no passado. E cadê vocês? Eu sei onde moram, mas tenho medo de bater às portas. Antes eu não tinha, lembram que tocávamos campanhia e corríamos? Lembram que a gente prometeu não se separar? Não se perder? E voltar atrás sempre que um de nós precisar? A gente acreditava, mas a gente mentiu. E, dramaticamante, nunca voltaremos a ser como éramos. Ninguém vai voltar. Vamos somente, e pobremente, permanecer nas fotos, nas cartas, nos bilhetes. Mas tudo isso pode ser jogado fora. O tempo vai passar, o tempo vai passar, e vai findar por enterrar a gente. Seremos lembranças de um tempo antigo, muito antigo, onde as provas de história valiam mais que nossos finais de semana, e que trocávamos de amores todas as semanas. Dos tempos em que vivíamos passando mensagem de celular. Mas talvez a gente se bata na rua, prometamos novamente nos encontrar, trocaremos telefone e cada um vai voltar a caminhar. Ninguém terá coragem de ligar, já deixamos de nos falar agora, imagina mais pra frente? Então passamos por aquilo tudo, para acabar assim? Eu não queria chorar, mas é triste. Nossos sonhos separaram a gente, a maioria de nós. Deixamos de ser vários, e agora somos três, quatro, depende muito do acaso. É um preço muito alto. Será que separados seremos felizes? Será que sozinhos? Não sei, e prefiro desacreditar nisso.

3 comentários:

Jéssica Trabuco disse...

Infelizmente isso sempre acontece.
A vida vem e separar a gente em milhares de caminhos e é tão difícil nos reencontrar.
Mas a certeza de que aquele carinho e amizade se eternizaram talvez nos dê força lá na frente. Porque por mais que estejamos distantes de nossos velhos amigos, ainda sorriremos de verdade quando lembrarmos deles.

Rart og Grotesk disse...

bons momentos passamos com vários amigos, mas com o tempo, eles vão sumindo, indo embora, cada um com seu caminho.
Passando para conhecer o blog.
Se quiser, conheça o meu http://artegrotesca.blogspot.com

Bruna Takahashi disse...

Me identifiquei muito com o texto e foi inevitável não me emocionar..
''Eñtão a gente começa a ficar oco, se preenchendo de egoísmo e lembranças cada vez mais desbotadas''
Lembre seus amigos, de que ''tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas'', sem medo.