Para nunca ser lido
















 Foto: © Cesarr Terrio


Faz um tempo que disse a outra pessoa que a amava. Senti que sua presença ali se formava e com olhos sereníssimos, condenava minha fraqueza, condenava, uma vez mais, a mim. Mas era somente sua presença, entre as paredes do meu quarto. Mas que critério você haveria de usar em seu julgamento? Nas tardes de sol eu te procurei, por todas as ruas dessa cidade de esperanças que nunca brotam; quando não houve sol também, e nas noites também, cada uma das vezes que eu senti, aqui dentro, que você ainda existia. Desesperador. E então, meu bem, você caiu na semântica do nunca. Meu amor eu te prometi naquela noite; em que juntos tecemos as verdades que haveriam de ser para todas nossas vida, e sob o céu cravejado de estrelas, éramos mais que as próprias estrelas, pois destino depois que a gente escolhe é maior que qualquer coisa. E eu te devotei meus sonhos de tal modo e tal maneira que findou por ser você tudo de bonito que eu escolheria. Onde quer que eu pensasse, seu suspiro, seu cabelo preto e os olhos tão sensatos preenchiam todos os espaços entre eu e o que eu haveria de ser. Eu jurei amor. E sentia que amor poderia até nunca falhar!; porque amor não deve falhar, e você bem sabe: de repente, já não existia você. Tantas vezes sentei naquela balaustrada, implorando a todas as estrelas que submetemos que te trouxessem e, quem sabe, você me dissesse que errou o caminho entre uma rua e outra, ou que perdeu a hora, eu acreditaria. Mas fé também desmancha. Não sei para onde você foi, meu bem, mas sei, também aqui dentro, que talvez quando você volte eu já tenho ido embora. Para sempre, afinal.

Um comentário:

Solange Maia disse...

já disse que te acho um espetáculo ???? acho que sim.

Cristiano...
ontem a noite eu ainda te esperava chegar...
é...
até a fé acaba !

belíssimo texto.
como sempre.

uau !!!

beijo imenso