Do que se rechaça















Foto: © Cesarr Terrio


Chega. Espero a tempo demais que sua mão escorra por minhas costas e que seu abraço seja plácido. O desencontro é uma força maior; entendi contabilizando as vezes que, por completa imponderabilidade, deixamos de nos cruzar pelas ruas desta cidade. Por vezes duvidava se era eu o você que evitava, se o que a gente tinha era medo, se o que a gente tinha era anseio, ou se nunca haverá de acontecer. Depois de tanto polir desaventos, aprendi que as coias mais importantes a gente não segura nas mãos. Elas têm alguma coisa de flutuar, de espalharem-se no vento, feito brisa, feito cheiro de chuva, feito cheiro de chocolate; elas haverão de voltar, de estar conosco, e toda vez que algo parecido surgir, lembraremos com carinho. As coisas que importam vêm!, foi preciso que eu anotasse e repetisse como se prece fosse. Então significa que, embora a impaciência seja grande, continuo aqui sentado nessa cama esperando um pouco mais. A janela do quarto está escancarada faz noites, que talvez você apareça por estas bandas, e que mesmo que você não venha, ainda conto pores e nasceres de sóis desde que nos conhecemos. Eu gosto de tudo que se propaga. Se não seu perfume, a luz que descortina esperanças, que restaura sorrisos, que faz os olhos não se acostumarem com a quietude do escuro. Que nunca exista cabimento para tudo aquilo nos impeça os risos. Rasguei todas as promessas de não mais esperar por ninguém e soprei-as para distante. Voltaram numa única, numa coisa nova: de que não irei atrás. Tudo que vai, também volta; repito sempre, repito sim. Que o vento te traga. E se não, que me faça companhia. 

É tempo de reascender as velas porque não permitirei mais que noite nenhuma  seja escura. Venha. Quando abri as janelas, abri o sorriso, também.


Um comentário:

Rafaelle Benevides disse...

Ai, Cris, por que sempre me emociono depois de vir aqui? Acho que estou meio mole, viu? rsrs Escrita sempre linda, sempre lírica.. Adoooro-te pelo que me fazes sentir quando te leio. BJs.