Fé em tempos de dor

Sabe quando você permanece firme pelo simples ato de permanecer? Não desisti pelo simples fato de que a desistência seria muito pior, então, continuar talvez seja a solução. Não posso desistir por cansaço, não, isso não, depois de tanta coisa, perder para mim mesmo seria cruel. Cruel, você sabe o que é crueldade? Não, eu também não sei. Nada em minha vida fez jus a palavra. Mas acho que perder para si mesmo - a palavra exata é fracassar - seria cruel. Fracassar não é algo concebível. Perder, talvez. Mas eu não quero. Voltando ao fato de permanecer, há tantas coisas que mantêm-se íntegras todo o tempo. Que eu seja igual a elas, que você seja igual, que sejamos iguais. Que sejamos como tudo que se mantêm, que acreditemos ser capazes. Porque desacreditar, é o pior demônio do ser humano. E desacreditando, de pouco em pouco, por causa dos desgostos de cada dia, deixamos de acreditar que realmente somos capazes. Por favor, não tente argumentar contra isso, eu tiro por mim. Eu não sou um poço de fé, de razão, de verdade e nem de nenhuma outra virtude que possa vir a ser lembrada. Sou falho e desacreditado como qualquer pessoa. Eu sou como você, sou sim. Então, você pode me dar conselhos, mas saiba que ao dá-los a mim, estará dando-os a si mesmo. E ninguém nesse mundo sabe dar conselhos a si mesmo. Até tentamos, mas é muito difícil. Então, voltamos àquela história de manter-se permanente, de suportar, de prosseguir. E no final, ficamos abismados com o quanto podemos suportar e nem supúnhamos. Bem-vindo ao lado de quem sabe reparar nas coisas. Cada pessoa já passou por coisas piores e melhores do que já passamos. Nunca podemos nos igualar. Mas é consenso que todo mundo suportou do modo que dava para suportar. Vários falharam, óbvio. Perderam, caíram, fracassaram - essa palavra doeu. Mas enfim, nós não. Ainda não. E dependendo de mim, não irei. Porque afinal, só posso salvar a mim mesmo. Rezo assim, mais uma oração.

9 comentários:

Julyana ツ disse...

A cada dia nos vemos ante tantos desafios, tantas adversidades que se não aprendermos a seguir em frente nunca chegamos a lugar nenhum.





;*

Fátima disse...

Como vc mesmo pediu, sem argumento. Rezemos em décadas diferentes.

Gostei muito

Beijo meu

Rodolpho Padovani disse...

É, a gente carrega o peso que consegue suportar, sempre rezando para chegar no amanhã e esse fardo diminuir um pouco. Desistir não é uma opção válida, apesar dos pesares.
Enquanto isso a gente reza.

Abraços!

Danny disse...

Poxa, Cris
estranhamente me sinto por vezes derrotada pelo cansaço, fracassada - não, isso nunca, erros ou falhas por maiores que sejam não me fazem pensar como sendo um fracasso.

Boa a forma com que me identifico com todo o restante do texto.

Ótima escrita.

Beijos na Alma


>>Dani

Unknown disse...

Esse texto me pegou de jeito, fiquei sem argumentos agora. Mas, ta lindo o texto, pra variar.
Beijos!

Pontos de Ligação disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pontos de Ligação disse...
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Pontos de Ligação disse...

Recomeçar, acreditar. É só isso que se deve pensar quando tudo nos é negado. Concordo plenamente quando dizes que muito suportamos mais do que nós mesmo esperávamos. Somos capazes, sim, sempre. Apenas nós mesmos temos o direito de nos desacreditar, nos impedir. Existe alguém que ainda se importa, que ainda ouve a cada oração... isso me dá força, e me leva a prosseguir!
A-do-rei o texto!

Letícia

Caroline disse...

Saudações...

Gostaria de dizer que andei lendo seu blog e deparei-me com textos escritos tão ricamente que ainda procuro algumas palavras para elogiar-te...
Esse é um texto tão belo e tão inspirador, que ao ler senti-me renovada e pronta para tentar seguir em frente. Não sou capaz de dizer quanto tempo essa força será capaz de permanecer. Por isso se ela for embora, eu farei questão de voltar aqui para ler outro texto teu...

Abraços,
Caroline

http://pensamentosqueatormentam.blogspot.com/