Exagero
Foto: © Cesarr Terrio
Acordei hoje como quem teve uma revelação. Acordei hoje como quem não acordou. Passei a manhã inteira deitado numa cama em companhia dos meus pensamentos. Dos melhores aos piores. E quando levantei, levantei como quem não tem esperança. Talvez porque acordei ciente, talvez porque não. Abri, então, a janela e o sol incendiou o quarto. Foi um julgamento, foi uma exorcisão. Ardeu, literalmente. E tudo ficou naqueles tons de amarelo, monocromático. De fato não dormi bem. Não tem nada a ver com pesadelos, muito menos com sonhos. Tem a ver com aqueles dias em que você acorda, conotativamente. Sentei na cama e pensei o quão a minha vida está condenada. Por acusação minha. Tenho tido o poder de julgar muitas coisas; pessoas, fatos e eventos. Nunca parei para defender minha causa. Nem se quer prestei atenção no processo, no meu processo, processo natural de todas as coisas. Tenho tendência a ficar filosofando, procurando qualquer resposta que valha pra justificar o fato de acharmos tanto sofrimento em nossas vidas. A gente sofre pelo quê? Porque talvez seja necessário. porque talvez seja como respirar. Você estuda o processo no colégio, no final não sabe porra nenhuma, mas sabe que é necessário. Se não respirar morre, é asfixia. Se não sofrer morre, é suicídio. A gente deve sofrer como válvula de escape. Como suor. Transpiramos para resfriar o que acontece internamente. A gente sofre para não morrer engasgado. É como tossir, é como espirrar, é como assistir Faustão. É como amar. Sofrer é como amar. Se você deixar de amar, é porque morreu. Então vão aparecer nessas horas os que dizem que não amam, que apaixonar-se é uma mentira, que sentimentos são atos ensaiados. Bando de mentirosos. Ignoram o amor, ignoram a si mesmos. Mas não enganam o sofrimento, logo sofrem. Há uma coisa fabulosa no fato de existir, precisamos sentir isso. A cada dia, cada momento. Amar ou sofrer são bons indicadores disto. Tomei impaciência da cama e fui tomar um banho. Pelejar com um sabonete, perecer em água quente. Afinal, tenho que ser justo: exageramos em nossas colocações. Amei demasiadamente.
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6 comentários:
Afinal quem nunca se culpou por amar demasiadamente?!
Um dos textos seus que mais me indentifiquei. Amar demais é sempre um erro, mas é como respirar, se não ama, não vive.
Paguei a dívida, heuheuhe
Um abraço, Cristiano!
Todos já se culparam por isso e também por não ver esse amor correspondido ou correspondido como desejado...
;*
temos dias de amores desmedidos....
lindo, como sempre.
beijão
Um poeta!
Assistir Faustão é se matar aos poucos mesmo! Cada vez que passo aqui, sinto mais vontade de voltar cara! parabéns por essa craitividade! Espero não sair sujo de graxa dessa ofocina terrosa!
SUAHUSHAUSHAUSHAU'
Abraço.
E o sofrimento sempre tem uma lição a nos ensinar. A vida pode até ser um mar de rosas, mas pare para contar os espinhos, eles estão a nossa volta, quer queremos ou não. Sofrer ensina, ajuda, atrapalha... mas é essencial e só mais tarde vemos isso.
Abraços.
Nuss, disse tudo... Muito bom Cristiano.
Beijos...
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