Balada do praguejeiro


















Foto: © Cesarr Terrio



Estou cansado da vida desencontrar a gente. De ficar sentado na janela, olhando e olhando a rua, mesmo sabendo que você não vai passar. Sei que não por falta de vontade, meu bem, mas é que não nos permitem acontecer. Eu posso e sempre pude pegar um ônibus, daqueles apressados, onde o cobrador sentado, vê gente de toda sorte passar. Eu poderia descer em frente a sua casa, tocar a campanhia e armar todo um sorriso convincente torcendo que sua reação seja apenas me abraçar. Isso saciaria minha pressa. Mas dizia uma velha sem dó, que a pressa é inimiga da perfeição. E isso mataria nossa graça. Talvez seja isso, a graça seja esperar. Andei pensando bastante sobre. Já percebeu que a vida só acontece quando não estamos olhando? As flores não brotam sob nossos olhos, passarinho não canta espontâneamente na nossa frente. Então, deixa a vida carregar todos esses contra-tempos e enfim trazer o tempo em que a gente vai se encontrar. Eu tenho fé nisso, piamente. Acenderei vela toda vez que me lembrar, meu bem, pelo motivo o qual rezo. Eu rezo, porque rezar é acreditar. Você me perguntou se eu acredito no amor. Eu acredito, acredito sim. Por eu acreditar, como não há de ser? Já ouvi dizer tantas e tantas vezes que o amor trancede qualquer coisa, cura, faz isso, faz aquilo; então ele há de me trazer você, em uma linda tarde de inverno, ou em qualquer outra estação. Até lá, continuo escutando aquelas mesmas músicas velhas, porque assim o tempo passa, assim o tempo corre, e então eu não me importo quanto tempo vai demorar. Eu tenho esperança.  E esperança também é abrigo.



#Em negrito, direitos autorais pertencentes à obra: Hoje é dia de Maria.
#Praguejeiro: substantivo masculino popular sergipano; aquele que roga pragas, aquele que prediz, que fala muito, que implora.

6 comentários:

Pontos de Ligação disse...

Que lindo texto!
Sim, o amor cura tudo e pode tudo, então um dia há de nos encontrar em uma dessas...
A cada dia que passa, seus textos ficam mais belos, mais maduros... e tudo isso sem perder esses sentimentos expressos que são uma característica toda sua...
Beijos!

Letícia

Rafaelle Benevides disse...

(suspiro)

Nem sei mais o que dizer diante dos comentários que fazes lá no meu blog, depois de ler os teus textos... fico em dívida contigo por não ter palavras para descrever a sensação de leveza que tenho ao vir aqui. Bjs, Cris.

Danny disse...

Ah Cris...
Ah, me deixa as vezes sem palavras...*-*

Lucid Nightmare disse...

Cristiano... O que posso dizer ??
Você com sua simplicidade cria uma obra tão nobre e linda que merece aplausos...
Realmente perfeita.
Parabéns.

Rafaelle Benevides disse...

Bom dia, Cris. Fico feliz quando visitas lá o meu escafandro ;) bjinhos.

Anônimo disse...

Olá Cristiano,
Muito bonito mesmo o seu texto, você sabe trabalhar com as palavras e comover através delas.
Gostei do seu espaço.

Abraços.