Foto: © Cesarr Terrio
Há um espaço muito pequeno entre amar e machucar uma pessoa. Há uma dificuldade violenta sobre como manter um coração. O meu já passou por tantos pronto-socorros que não considero mais cabível qualquer outra intervenção. Se existe uma situação injusta no mundo, é a quantidade de amores feridos. Há um espaço pequeno, muito pequeno mesmo, entre atender e despedaçar uma alma. As pessoas estão ariscas e nós não temos tempo nem de retirar os pontos. Acontece assim, a gente não sara. Tanta poesia morta por aí, relacionamentos televisionados e tantos problemas pessoais precipitando-se feito chuva. Deixa molhar. Porque, daqui a pouco, a gente se enxuga, põe roupa limpa e esconde tudo de novo. Estaremos, então, preparados para uma boite, caçar qualquer coisa válida e acreditar que sexo vai salvar nossas vidas. A gente não cansa desse estado discarado de ruína. Amanhã, café com ressaca, sanduíche de mortadela e desilusão com qualquer coisa. Há um espaço muito pequeno entre a crença e a loucura. Você sabe que o mundo não é um lugar feliz, o sol não brilha todos os dias e é melhor almoçar com a melancolia do que ficar em casa com o desgosto. Mas eu te desejo, do fundo do meu peito, um amor que te faça companhia. Que passe tardes versilhando músicas e que te compre um algodão doce de rua. Que te diga quanto é bonito como você respira. Pois, afinal, no peito a gente guarda o que resta, certo? Nós vamos ser felizes sim, não importa o que digam. E pode ser que hajam três ou quatro cirurgias de ponto-safena, pode ser não, vai haver; nessa altura, quem está pensando nisso? As pessoas andam vendendo suas paixões em potes de margarina. A gente há de encontrar uma saída. Dá para entender os loucos, os desesperados e até os suicidas. Ninguém disse que viver é fácil, mas falando em amor, deve valer à pena.
"Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia.
(Cazuza)
E algum veneno antimonotonia.
(Cazuza)
#Para MorDax. Que nunca cansou do amor e, mesmo sem motivo, se desculpa.